Se você está por dentro do Novo Ensino Médio, sabe que ele contém uma parte flexível no currículo, que são os itinerários formativos. Dentro deles há os quatro eixos estruturantes, que têm o papel de integrar e integralizar os diferentes arranjos dos itinerários, envolvendo os estudantes em situações de aprendizagem que os permitam empreender projetos presentes e futuros; intervir na realidade; criar e produzir conhecimentos.
Quer entender tudo sobre os eixos estruturantes? Então venha comigo!
Quais são os eixos estruturantes?
Existem quatro eixos estruturantes. Vamos vê-los em detalhes:
1. Investigação científica
O primeiro dos eixos estruturantes é a investigação científica. O eixo faz grande sentido para o contexto que temos, ou seja, a sociedade da informação na qual vivemos. Para tomar parte dela, os alunos precisam obter conhecimentos e habilidades para acessar, selecionar, processar, analisar e utilizar dados sobre os mais diferentes assuntos.
Espera-se, com isso, que sejam capazes de compreensão e intervenção na realidade. Precisam, também, se tornar aptos a lidar com uma quantidade cada vez maior de informações de forma crítica, reflexiva e produtiva.
Objetivo
Há três objetivos principais para esse eixo estruturante:
- Aprofundar conceitos científicos para ser capaz de interpretar ideias, fenômenos e processos.
- Ampliar as habilidades que estão relacionadas ao pensar e ao fazer científico.
- Usar os conceitos e habilidades trabalhados em processos de investigação, com foco na compreensão e no enfrentamento de situações do dia a dia, propondo assim intervenções que busquem o desenvolvimento da região e a melhoria da qualidade de vida da comunidade.
Prática
Agora vamos falar da parte mão na massa. O que fazer dentro do eixo estruturante “investigação científica” para alcançar os objetivos propostos? Uma pesquisa científica, ora! Para a realização dela, os estudantes devem identificar alguma dúvida, questão ou problema que será o ponto de partida.
A partir daí, começa o levantamento de informações, a formulação de hipóteses, os testes, o refinamento das informações levantadas, a seleção de fontes confiáveis, a interpretação dos dados, a elaboração da pesquisa, o uso ético de tudo o que foi coletado, a identificação de formas de usar os conhecimentos adquiridos para a solução dos problemas, a comunicação das conclusões e o uso de diferentes linguagens.
2. Processos criativos
O segundo eixo estruturante são os processos criativos. Sabemos que em um mundo cada vez mais robotizado, ter apenas habilidades técnicas não basta. A nossa sociedade está pautada na criatividade e na inovação.
É essencial que os estudantes tenham a capacidade de trabalhar conhecimentos, habilidades e recursos de maneira criativa. Assim, estarão aptos a formular propostas, inventar e inovar.
Objetivo
Os objetivos desse eixo estruturante são:
- Aprofundar conhecimentos no campo das artes, da cultura, das mídias e das ciências aplicadas, utilizando esses saberes para a criação de processos e produtos criativos.
- Ampliar as habilidades que se relacionam com o pensar e o fazer criativo.
- Usar os conhecimentos e habilidades trabalhados para criações e produções com foco na expressão criativa e na construção de soluções inovadoras para problemas percebidos na sociedade e no mercado de trabalho.
Prática
Vamos ver como trabalhar na prática para alcançar esses objetivos? Bora lá! Tudo se dá por meio de projetos criativos, que podem resultar em uma ação, produto, protótipo, modelo ou solução criativa. Alguns exemplos disso são robôs, games, programas, apps, peças de comunicação, campanhas, apresentações artísticas e culturais.
O que guia o projeto é um tema ou problema que é identificado pelos alunos e no qual eles se aprofundam. O projeto passa pelas etapas de elaboração, apresentação e difusão. Em meio a isso há a integração de diferentes linguagens; vivências artísticas, culturais e midiáticas; ciências aplicadas e manifestações sensoriais.
3. Mediação e intervenção sociocultural
Mediação e intervenção sociocultural é o terceiro dos eixos estruturantes. A temática se justifica porque atualmente estamos inseridos em uma sociedade que é cada vez mais desafiada por questões socioculturais e ambientais, e com um nível de complexidade crescente.
Nesse eixo, os estudantes devem ser capazes de adquirir conhecimentos e habilidades para que se tornem os agentes das mudanças que o mundo precisa, construindo uma sociedade com mais ética, justiça, democracia, inclusão, solidariedade e desenvolvimento sustentável.
Objetivo
Esse eixo estruturante traz os seguintes objetivos:
- Aprofundar os conhecimentos em assuntos que afetam a vida do homem, bem como a do planeta, em diferentes escalas: local, regional, nacional e global. É preciso compreender como esses conhecimentos podem ser usados em diferentes cenários e situações.
- Ampliar as habilidades que estão relacionadas à convivência e à atuação sociocultural.
- Usar os conhecimentos e habilidades trabalhados para mediar conflitos, buscar o entendimento e propor soluções para situações e problemas socioculturais e ambientais identificados na comunidade.
Prática
Tá tudo muito bom, mas como trabalhar com esse eixo na prática e atingir a todos esses objetivos? Com projetos de mobilização e intervenção sociocultural e ambiental, é claro! Os campos de atuação devem, preferencialmente, ser os da vida pública.
O projeto prevê um diagnóstico da realidade que é o foco da atuação, a busca de dados oficiais e a consulta à comunidade, o aprofundamento dos conhecimentos, o planejamento de ações, a execução e a avaliação. Em meio a esse processo, há a superação de situações de estranheza, de resistência, de conflitos interculturais, entre outros obstáculos. Se necessário, é possível fazer ajustes de rota.
4. Empreendedorismo
Finalizando os eixos estruturantes dos itinerários formativos do Novo Ensino Médio está o empreendedorismo. Por quê? Porque vivemos em tempos de volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade, o “Mundo VUCA”. Os estudantes precisam se preparar não só para encontrar oportunidades, mas também para criá-las.
É essencial que eles desenvolvam conhecimentos e habilidades para se adaptar a diferentes contextos. Assim, serão capazes de gerar oportunidades não apenas para si, mas para os demais também.
Objetivo
Vamos aos objetivos desse eixo estruturante:
- Aprofundar os conhecimentos relativos ao contexto, ao mundo profissional e à gestão de ações empreendedoras. Inclui-se aqui os impactos disso nos seres humanos, na sociedade e no meio ambiente.
- Ampliar as habilidades que estão relacionadas com o autoconhecimento, o empreendedorismo e o projeto de vida.
- Usar os conhecimentos e habilidades trabalhados para criar iniciativas empreendedoras com vários propósitos. Assim, deve ser possível viabilizar projetos, sejam eles pessoais ou produtivos, voltados para o desenvolvimento de processos e produtos e com o uso de recursos tecnológicos diversificados.
Prática
Agora vamos ver na prática como atingir esses objetivos! A ideia é que os alunos criem empreendimentos pessoais ou produtivos que estejam articulados com o projeto de vida deles. Assim, irão planejar e conquistar objetivos pessoais ou desenvolver empreendimentos com foco na geração de renda.
Durante o processo, os alunos identificam potenciais, desafios, interesses e aspirações pessoais; analisam o cenário externo, especialmente o mercado de trabalho; elaboram um projeto pessoal ou produtivo; realizam ações-piloto para testar e aprimorar o projeto; e seguem no desenvolvimento ou aprimoramento do projeto.
De que forma os eixos estruturantes devem ser implementados nos itinerários formativos?
Agora que você já conhece os quatro eixos estruturantes dos itinerários formativos, vamos falar sobre a implementação deles na escola. De acordo com a publicação feita pelo MEC no Diário Oficial da União em 2019, os quatro eixos são complementares, e recomenda-se que os itinerários formativos incorporem e integrem todos eles. Dessa forma, os alunos podem desenvolver habilidades diversificadas e relevantes para suas formações integrais.
Até mesmo o itinerário de formação técnica e profissional deve ser organizado a partir da integração dos diferentes eixos estruturantes. É claro que, nesse caso, as habilidades associadas a eles somam-se a outras requeridas pelas ocupações específicas escolhidas.
Outro ponto a destacar é que as instituições de ensino é que definem a sequência em que os eixos estruturantes serão trilhados e a maneira como farão conexão entre si. Ou seja, a escola tem total autonomia nessa questão. Viu que responsa?
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