Embora a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já esteja em vigor há alguns anos, é comum que ainda persistam dúvidas, em especial para o nível de ensino infantil. Vamos resolver isso então! No artigo de hoje abordaremos a BNCC na educação infantil e os novos enfoques trazidos pela base. Vamos lá?
O que muda com a BNCC na educação infantil?
Os eixos estruturantes da educação infantil – interagir e brincar – continuam valendo. Porém, com a BNCC na educação infantil, há novos focos que vêm para agregar. Eles estabelecem direitos de aprendizagem e campos de experiência que devem ser trabalhados nas práticas pedagógicas. Veja:
Direitos de aprendizagem
A BNCC estabelece seis direitos de aprendizagem na educação infantil. São eles:
1. Conviver
O primeiro dos direitos de aprendizagem trata da convivência das crianças com seus coleguinhas e também com pessoas adultas. Para isso, elas devem ser inseridas em situações em que possam fazer uso de diferentes linguagens. Assim, poderão ampliar os conhecimentos sobre si mesmas e também sobre os outros, bem como o respeito em relação a diferenças socioculturais das pessoas.
Atividades que contemplam esse direito
Há inúmeras atividades que a escolinha pode fazer para trabalhar com o direito de conviver. Algumas ideias possíveis são: jogos; atividades em grupos; passeio com as crianças pela vizinhança da escola, colocando-as em contato com a comunidade ao redor; lanches coletivos na sala de aula; dia do brinquedo (no qual cada criança traz um brinquedo de casa para brincar com o coleguinha); e criação de uma hortinha na escola feita pelas crianças em conjunto com o professor.
2. Brincar
A BNCC na educação infantil orienta que as brincadeiras devem ser cotidianas e se apresentar de diversas formas, em diferentes locais e tempos e também com parceiros diferentes, tanto adultos quanto crianças. É importante que essas brincadeiras também coloquem as crianças em contato com produções culturais amplas e diversas; ampliem conhecimentos, imaginação e criatividade; e proporcionem experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais.
Atividades que contemplam esse direito
Alguns exemplos de atividades que podem ser feitas para contemplar esse direito são: brincar no parquinho da escola; brincar de bambolê; encenar uma pequena peça de teatro; dançar; usar brinquedos educativos divertidos; brincar de argila; fazer artesanato com sucata; fazer um dia temático no mês em que a criança pode vir fantasiada para um determinado tema; e fazer desenhos.
3. Participar
O terceiro direito de aprendizagem evidencia o foco protagonista que deve ser desenvolvido nos alunos. A criança deve ter participação ativa, junto com adultos e outros coleguinhas, do planejamento das atividades, escolha de brincadeiras, de materiais e de ambientes. Com isso, o pequeno desenvolverá novas linguagens e conhecimentos mais elaborados. Terá também a oportunidade de decidir e de se posicionar.
Atividades que contemplam esse direito
Há algumas formas de colocar esse direito de aprendizagem em prática. Uma delas é criar um leque de atividades para que os aluninhos escolham qual querem fazer durante cada dia em sala de aula. Outra é definir uma atividade que possui etapas nas quais possam ser feitas escolhas, e deixar que os alunos participem dessas escolhas. A escola também pode realizar passeios com a turminha e dar algumas opções de locais para que os pequenos escolham.
4. Explorar
A criança deve ter na escolinha o estímulo para explorar, sejam sons, formas, movimentos, palavras, texturas, objetos, elementos naturais, relacionamentos, histórias, cores, emoções ou gestos. Dessa forma, ela ampliará seus saberes culturais em modalidades variadas, como por exemplo: artes, escrita, ciência e tecnologia.
Atividades que contemplam esse direito
Entre as atividades que a escolinha pode fazer para trabalhar com esse direito estão: disponibilizar às crianças texturas como isopor, tecido áspero, tecido macio, entre outros, para que elas toquem; disponibilizar materiais naturais, como areia, pedras, conchas e lã; disponibilizar objetos com consistências diferentes, duras e moles; incentivar para que os pequenos contem histórias que aconteceram com eles; fazer trabalhos com tinta guache etc.
5. Expressar
A BNCC na educação infantil também traz orientações para que as creches e pré-escolas estimulem a criança a se expressar, dialogando com criatividade e sensibilidade as suas necessidades, sentimentos, emoções, dúvidas, opiniões, descobertas e hipóteses.
Atividades que contemplam esse direito
Entre as possibilidades que as escolinhas têm para trabalhar com esse direito estão: chamar cada criança para compartilhar com a turma alguma experiência, como o que ela fez no fim de semana por exemplo; criar rodas de conversa e introduzir assuntos nelas, para que as crianças opinem sobre ele; começar a contar uma historinha e pedir que cada criança diga o que acha que aconteceu no final; entre outras.
6. Conhecer-se
O último dos direitos de aprendizagem trata do autoconhecimento e da construção da própria identidade nas esferas pessoal, social e cultural. A escolinha deve colaborar para que a criança consiga construir uma imagem positiva de si mesma e de seus grupos de pertencimento. Isso acontece durante as experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens da instituição de ensino e dos contextos familiares e comunitários.
Atividades que contemplam esse direito
Há muitas atividades que trabalham esse direito. Algumas delas são: promover rodas de conversas nas quais o professor faz perguntas sobre um tema e as crianças começam a falar do que elas gostam e do que não gostam com relação a ele; criar uma dinâmica na qual as crianças falam das famílias delas e o que fazem; pedir que as crianças se desenhem no papel; fazer brincadeira de contorno do corpo em um papelão; mostrar bebês para o espelho para que eles se observem etc.
Campos de experiência
Agora que você já conhece os direitos de aprendizagem que a BNCC na educação infantil orienta, vamos conhecer os cinco campos de experiências também definidos pela base. São eles:
1. O eu, o outro e o nós
O primeiro dos campos de experiência da BNCC na educação infantil trata do desenvolvimento do lado social da criança. É fundamental que ela tenha a oportunidade de interagir com os coleguinhas da mesma idade e também com os adultos, criando uma percepção dela mesma, dos outros e do grupo formado por ela e os outros, ou seja, do “nós”.
A partir dessas experiências as crianças vão desenvolvendo sua personalidade, criando maneiras próprias de agir, de sentir e de pensar. Elas vão percebendo que existem diferenças entre as pessoas, suas atitudes, pontos de vista e modo de vida. Assim, começam a desenvolver questionamentos sobre elas mesmas e sobre os outros ao seu redor. Ao mesmo tempo, criam identificações e diferenciações.
Essas relações também colaboram para o desenvolvimento da autonomia da criança, suas noções de autocuidado, independência e reciprocidade. Quando esse convívio também envolve diferentes grupos socioculturais, a experiência é ampliada e colabora para a criação do respeito e da tolerância às diferenças.
2. Corpo, gestos e movimentos
Esse campo da experiência fala sobre a forma de perceber e de se relacionar com o mundo ao redor por meio do corpo, dos gestos e dos movimentos. Desde muito cedo as crianças desenvolvem uma noção do espaço e dos objetos no seu entorno e começam a explorar. Assim, vão criando uma consciência de sua corporeidade e de seus limites, percebendo inclusive o que é seguro e o que pode causar um risco físico a elas.
É nessa fase da educação infantil que o corpo das crianças começa a ganhar centralidade. Então, é importante que as escolinhas criem oportunidades para que os pequenos possam experimentar uma variedade de gestos, movimentos e de uso e ocupação do espaço com o corpo. Dessa forma, eles começam a ganhar cada vez mais autonomia e independência corporal.
3. Traços, sons, cores e formas
O terceiro campo de experiência da BNCC na educação infantil trata da importância de colocar as crianças em contato com produções culturais e artísticas como teatro, música, dança, pintura, fotografia, modelagem, entre outras. Isso aguçará a criatividade delas, bem como o senso crítico e estético e o conhecimento sobre suas próprias singularidades. Também ampliará seus repertórios, as ajudará a interpretar experiências e vivências artísticas e a criar as suas próprias produções.
4. Escuta, fala, pensamento e imaginação
Esse campo da experiência trata da importância de inserir a criança em contextos nos quais ela possa se expressar oralmente e também ouvir, tomando parte da cultura oral. Esses contextos podem ser grupos de conversas, narrativas criadas individualmente ou em grupo, descrições etc.
O campo fala também sobre o estímulo ao contato com a cultura escrita. Ele pode se dar pela leitura realizada por um adulto de livros de literatura infantil, poemas, contos, cordéis, fábulas etc. Assim, a criança já irá se familiarizando com livros, o que despertará a sua curiosidade e contribuirá para o desenvolvimento do gosto pela leitura.
5. Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações
O último dos campos de experiência da BNCC na educação infantil trabalha com questões espaciais, temporais, socioculturais e também do mundo físico ao redor da criança. Elas devem aprender a se situar nos espaços, como por exemplo a escola, a rua, a cidade etc. Devem também aprender a se situar no tempo: ontem, hoje e amanhã; dia e noite etc. É fundamental que elas também comecem a compreender o mundo físico que as rodeia, como o próprio corpo delas, os animais, as plantas, os fenômenos naturais e os objetos de diferentes formas e texturas.
Outro ponto essencial nesse campo de experiência é a parte sociocultural. É importante que a criança comece a criar noções sobre o parentesco com os membros da família dela e sobre as relações sociais com as pessoas que ela conhece. Assim, ela deve ser instigada a observar como é a vida delas, com o que trabalham, quais os costumes que têm etc. Dessa forma, os pequenos ampliam seus leques de conhecimentos e experiências.
A importância da participação da família
Para que os direitos de aprendizagem e os campos de experiência determinados pela BNCC na educação infantil sejam explorados com mais eficácia, é fundamental que as famílias também participem. Essa participação vai desde a conferência da rotina diária do pequeno que é enviada pela escolinha até a realização de atividades em casa orientadas pelos professores.
Para tanto, é fundamental que haja um bom relacionamento e uma comunicação constante entre creches e pré-escolas e as famílias. Com essa parceria e essas trocas, o desenvolvimento das crianças é muito enriquecido, pois não fica limitado ao período em que elas ficam na escola. Então, busque promover essa parceria!
Como a ClipEscola pode ajudar
Para ter uma comunicação eficaz com as famílias, mantê-las a par das atividades desenvolvidas diariamente com os pequenos e da evolução deles, tirar dúvidas e também passar orientações para atividades em casa, a sua escolinha precisará ter um canal de comunicação bem desenhado para essas necessidades, certo? É justamente aí que nós conseguimos te ajudar. Temos a agenda digital mais completa do mercado educacional!
A agenda da Clip possui recursos especialmente pensados para a educação infantil. Em Pareceres, por exemplo, a sua escolinha consegue enviar um repote diário das atividades desenvolvidas no dia e de como foi a participação do aluno. É possível enviar também informações sobre alimentação, sono, evacuação etc. Os pareceres são personalizáveis, então a instituição pode incluir e excluir campos.
Pela nossa agenda digital a sua escola também consegue enviar qualquer tipo de recado aos pais. Pode enviar orientações de atividades para fazer em casa, por exemplo. Os responsáveis também conseguem enviar recados para tirar dúvidas e a escolinha pode respondê-los em horários que configurar previamente no app. Solicite mais informações por aqui.
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