Entender como o dinheiro funciona, como administrá-lo com inteligência, como controlar gastos, como funcionam as taxas de juros e os investimentos, a importância de poupar e de se planejar financeiramente são questões de alta relevância na sociedade atual. A infância é o melhor momento para começar esse aprendizado, conforme especialistas. Por isso, evidencia-se cada vez mais a necessidade de educação financeira nas escolas.
O que é educação financeira?
Educação financeira é aquela que permite a compreensão de processos que envolvem a administração do dinheiro. Alguns exemplos desses processos são: controle de despesas, negociação de dívidas, funcionamento das taxas de juros, importância de poupar, rendimentos da poupança, investimentos de baixo e alto risco, planejamento financeiro para atingir objetivos, entre outros.
O objetivo da educação financeira é habilitar as pessoas para que possam fazer melhores escolhas, contribuindo assim para que elas alcancem os seus sonhos, evitem o endividamento, não passem por percalços financeiros por falta de reserva e consigam se manter na terceira idade.
Por que educação financeira nas escolas é importante?
Pegou o conceito de educação financeira? Muito bem, agora vamos adiante! Veja alguns motivos pelos quais ela faz diferença no ensino em sala de aula:
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Cria “alfabetização financeira” para evitar o endividamento
O endividamento é um problema sério na sociedade brasileira. Uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta para um dado alarmante: 79% das famílias do Brasil estão endividadas. Isso significa que a cada 10 lares no país, praticamente 8 estão dentro dessa estatística. O estudo mostra também que 29,6% dessas famílias estão inadimplentes.
Dados como esses mostram que as pessoas precisam entender melhor como administrar o dinheiro. É comum, por exemplo, que algumas nem tenham o controle do quanto gastam por mês ou que realizem compras motivadas pelo impulso. Esses casos costumam ser alcunhados de “analfabetismo financeiro” e podem resultar em problemas sérios de saúde, como depressão, estresse e ansiedade.
A melhor fase para aprender a lidar com o dinheiro é na infância. Um estudo conduzido pela University of Cambridge concluiu que boa parte dos conceitos e hábitos financeiros são formados pelas crianças até os sete anos de idade.
Nem precisamos ir tão longe para observar a necessidade desse aprendizado na infância. Um projeto-piloto realizado no Brasil entre 2008 e 2010 mostrou que crianças que receberam educação financeira nas escolas conseguiram provocar mudanças significativas nos hábitos financeiros de suas próprias famílias. Esse experimento foi registrado no relatório The impact of high school financial education – experimental evidence from Brazil, que concluiu que jovens educados financeiramente podem contribuir com o crescimento de 1% do PIB brasileiro.
Percebeu como a “alfabetização financeira”, se realizada nas escolas, pode fazer a diferença na vida dos alunos, das famílias e, no longo prazo, do país? É o que os números mostram, né? Então, esse é um argumento de peso!
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Conscientiza sobre a importância de poupar
Prevenir o endividamento é de suma importância, mas ensinar sobre os benefícios de poupar também é algo relevante. É comum que até pessoas que mantêm os gastos bem controlados acabem passando por algum revés financeiro quando algo inesperado acontece, como a perda de um emprego, uma emergência de saúde, um acidente, um desastre natural etc. Por isso, é importante que tenham uma reserva.
A poupança também é importante na terceira idade. Isso porque normalmente um aposentado não ganha o mesmo salário de quando estava na ativa, e não recebe também os benefícios que recebia. Além disso, nessa fase da vida os problemas de saúde são mais comuns, e geram despesas também. Então, ter uma poupança pode fazer uma enorme diferença.
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Ajuda a entender como funcionam os investimentos
Existem diversos tipos de investimentos disponíveis no mercado, entre eles os de baixo risco, os de risco moderado e os de alto risco. A educação financeira nas escolas também é importante para que os jovens possam começar a entender esse universo. Assim, na vida adulta, poderão pisar com mais segurança nesse terreno e tomar as melhores decisões.
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Auxilia na organização financeira para a concretização de objetivos e sonhos
Todo mundo tem objetivos e sonhos, mas boa parte das pessoas não sabe como se organizar financeiramente para atingi-los sem “dar um passo maior do que a perna”. Com isso, há aqueles que nunca tiram os sonhos do papel e aqueles que até tiram, mas acabam se enrolando financeiramente por causa disso.
A educação financeira nas escolas permite que os estudantes aprendam desde a infância a fazer um planejamento financeiro. Assim, eles se tornam aptos a entender o quanto determinado objetivo exige de investimento e por quanto tempo, e como administrar essa despesa em paralelo com as outras contas, conseguindo assim concretizar sonhos sem se meter em dificuldades financeiras.
O que a BNCC diz sobre educação financeira nas escolas?
A educação financeira nas escolas aparece na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como um tema transversal. A base propõe que em matemática, na unidade temática “Números”, ocorra o estudo de economia e finanças com foco na educação financeira. Recomenda ainda que sejam discutidos assuntos como taxas de juros, inflação, impostos e aplicações financeiras (rentabilidade e liquidez de investimentos).
A BNCC cita também que essa unidade temática pode ser trabalhada de maneira interdisciplinar, envolvendo, por exemplo, questões como consumo, trabalho e dinheiro. A base traz um exemplo de projeto que pode ser desenvolvido em conjunto com a disciplina de história, no qual seria estudado o dinheiro e sua função na sociedade, a relação entre dinheiro e o tempo, os impostos em diversas sociedades e o consumo em diferentes momentos históricos.
A educação financeira também é citada na base entre as habilidades esperadas na disciplina de matemática em diversas séries do ensino fundamental. Em cada série na qual ela aparece são citadas as habilidades que devem ser trabalhadas em contextos de educação financeira.
Finalizando
Você viu o quanto a educação financeira nas escolas é algo realmente relevante para os alunos e para a sociedade? Ela ajuda a evitar problemas que estão se tornando muito sérios, como o endividamento crescente e a inadimplência – questões essas que trazem impactos até na saúde emocional das pessoas.
A educação financeira é tão importante que está contemplada até na BNCC, que é uma referência nacional obrigatória. Então, se a sua escola ainda não está trabalhando com esse assunto, tá na hora de começar, né? Isso pode ser citado até nas divulgações de marketing para a captação de alunos. Fica a dica!
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