Arquitetura escolar influencia no aprendizado? De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de Stanford, no Reino Unido, em conjunto com a empresa de arquitetura britânica Nightingale Associates, sim. O estudo analisou alunos do ensino fundamental de sete escolas durante um ano, e chegou a uma conclusão: ambientes bem projetados são capazes de melhorar o desempenho escolar em até 25%.
A preocupação com a estrutura das escolas e o papel delas na aprendizagem é aderente ao novo momento da educação, no qual as instituições começam a entender que a forma de se adquirir conhecimento está mudando, e com isso passam a testar novos modelos de ensino e a introduzir inovações tecnológicas em sala de aula e nos próprios processos da escola.
Arquitetura escolar como um braço do ensino
Você já ouviu falar na arquiteta Doris Kowaltowski? Autora do livro Arquitetura Escolar: o projeto do ambiente de ensino, ela é um nome de peso quando se trata do assunto. Em palestra para profissionais da educação realizada em 2018 no Evolução UNOi, fez a seguinte proposta: “podemos usar o espaço como um terceiro professor”.
A arquiteta explica que o emprego do lúdico e do científico em ambientes possibilita, por exemplo, ensinar geometria solar no pátio, matemática em espaços projetados para instigá-la, física com a observação de luz e sombra, etc.
Se você ainda não está conseguindo assimilar a ideia de que o local no qual o aluno está inserido pode agregar conhecimento a ele, observe essas fotos:
E então, mudou de ideia? Viu como os ambientes podem ajudar a ensinar de uma maneira que desperta nos alunos curiosidade e interesse em aprender? Tomada como uma aliada da aprendizagem, a estrutura da escola pode refletir a proposta pedagógica da instituição. Conforme Doris, as modalidades de ensino podem ser traduzidas em “coisas espaciais”, em ambientes. O importante é que o aluno possa “ver, escutar e sentir” bem tudo o que está à volta.
Feche os olhos e imagine uma sala de aula. Não preciso de muito para adivinhar a imagem que veio à sua mente: o professor na frente e os alunos enfileirados atrás, virados para ele. Esse modelo, que ainda é o mais tradicionalmente usado pelas escolas, é um resquício da Revolução Industrial (XVIII – XIX), que replicava nas instituições de ensino o formato de fábrica. As necessidades do século XXI são muito diversas das daquele tempo, e o modelo de sala de aula está começando a mudar. Com o surgimento de novos métodos de ensino, a arquitetura escolar do ambiente de aprendizagem vem ganhando diferentes contornos. Hoje podemos encontrar salas 360°; com paredes habitáveis (nichos); com puffs; sem paredes; convertidas em espaços multimodais; as possibilidades são inúmeras. Veja algumas delas: Você já tinha visto salas de aula assim? É um reflexo da evolução no ensino. Hoje as instituições estão se preocupando em transformar o ambiente de estudo em um local que os alunos queiram estar, e que possibilite o aprendizado não só com o professor, mas também com os colegas e individualmente.
Não é só o ensino de disciplinas da grade curricular que se beneficia com a adoção de uma arquitetura escolar planejada. Esse novo conceito também pode ajudar a escola a despertar a consciência ambiental nos estudantes, colocando-os diariamente em contato com a natureza dentro do ambiente escolar. Há muitas formas de fazer isso. A escola pode ter pequenos espaços verdes na parte interna da instituição; jardins em espaços externos que possam ser vistos pelos estudantes através de grandes janelas; espaços para aulas ao ar livre; etc. Na visão da arquiteta e autora Doris Kowaltowski, compartilhada na palestra, “a natureza precisa participar”. Ela garante que sustentabilidade é uma das grandes palavras na arquitetura. Confira alguns exemplos de estruturas que prezam por isso: A arquitetura escolar também influencia a interação do estudante com os colegas da turma e de todo o colégio. Ela pode favorecer o convívio social e até ajudar a reduzir a ocorrência de bullying, se concebida com espaços para a sociabilidade e para o estudo informal. Para Doris, esse é um fator relevante. Conforme disse em sua palestra, são nesses ambientes que aprendemos realmente a viver em sociedade. “Se o espaço da escola não tem isso, não vai para frente”, afirma. Veja alguns exemplos de arquitetura escolar pensada para a socialização: Sejam grandes estruturas montadas para o convívio social ou locais simples com espaços que chamem ao convívio, o importante é que a socialização não seja esquecida no planejamento da arquitetura escolar. A escola tem um papel que vai muito além do ensino de disciplinas. Ela é uma das primeiras bases da criança para a pessoa que ela irá se tornar. Pensar nos ambientes e nas experiências que o estudante terá na instituição é um exercício que demonstra comprometimento não apenas com o ensino formal, mas com a educação como um todo.
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