Alguma vez você já ouviu de um aluno: “eu não preciso aprender esse conteúdo porque eu nunca vou usar”, ou alguma frase semelhante? Não é nada incomum que os estudantes não vejam aplicações reais em suas vidas para determinados conteúdos didáticos. A metodologia “Aprendizagem Baseada em Projetos”, no entanto, é capaz de virar esse jogo. Nela, o aprendizado é voltado para aplicações práticas no mundo real, e os conhecimentos se transformam em ações.
Ficou curioso para saber mais? Então me acompanhe na leitura!
O que é a Aprendizagem Baseada em Projetos?
Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) é uma metodologia ativa na qual as atividades têm como foco a aquisição de vivências reais na resolução de problemas. O objetivo é envolver os estudantes com os conteúdos, dar a oportunidade para que eles os utilizem na prática e, assim, desenvolvam habilidades requisitadas pelo mercado de trabalho.
Tudo começa com a divisão da turma em grupos e a apresentação de um problema que os estudantes devem resolver. Não pode ser algo fácil, possível de ser feito com uma simples pesquisa na internet. É preciso que seja algo desafiante, que requeira um longo processo de investigação, análise, formulação de hipóteses, testes, reformulações, desenvolvimento e apresentação de um produto final.
É bem interessante quando o projeto envolve a comunidade, e ao final, faz uma entrega de valor para ela. É preciso, porém, que seja algo viável, possível de ser executado pelos estudantes daquele nível de ensino. Deve-se também levar em consideração os recursos que estão disponíveis e a capacidade dos alunos em operá-los.
O projeto pode envolver várias disciplinas e durar meses, ou até um semestre inteiro. É preciso que ele seja acompanhado de perto pelos professores – que nesse caso viram orientadores – e que siga um cronograma. É possível até que sejam feitas apresentações parciais em cada etapa, para que os educadores analisem se os objetivos de aprendizagem estão sendo alcançados, ou se é necessário orientar os estudantes para algum ajuste de rota.
Quais benefícios essa metodologia traz aos alunos?
É claro que, como educador, você certamente quer saber dos benefícios da metodologia de Aprendizagem Baseada em Projetos antes de decidir aplicá-la, certo? Pois agora você irá conhecê-los:
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Envolvimento do aluno com os conteúdos disciplinares
Na Aprendizagem Baseada em Projetos, os conteúdos não são apenas “despejados” nos alunos para que eles tentem memorizá-los. Nessa metodologia, os conceitos são postos em prática, e os estudantes conseguem perceber a utilidade real do aprendizado.
Até aquelas matérias que os alunos mais torcem o nariz ganham uma nova perspectiva durante a execução do projeto, pois se mostram um conhecimento necessário para situações que eles nem imaginavam antes. Assim, os estudantes acabam se envolvendo e se interessando pelos conteúdos. Aprendem enquanto fazem, o que torna tudo mais natural e recompensador.
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Desenvolvimento de habilidades sociais e espírito de equipe
Os projetos desenvolvidos na APB são realizados em grupos. Esses grupos – muitas vezes formados por estudantes com personalidades e culturas diferentes – interagem durante um longo tempo, e o sucesso do projeto que desenvolvem dependerá do bom trabalho em equipe que conseguirem realizar.
Isso significa que eles precisarão aprender a lidar com as diferenças, administrar conflitos, ceder, dividir tarefas, ajudar uns aos outros e colocar o objetivo em comum acima de qualquer divergência. Nesse processo – que imita o que ocorre na vida – os estudantes começarão a desenvolver suas habilidades sociais e espírito de equipe. Esses quesitos serão essenciais tanto na vida pessoal quanto profissional do aluno.
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Interação com tecnologias
Ao longo do desenvolvimento do projeto, é comum que os alunos tenham a necessidade de utilizar recursos tecnológicos, seja para organizar o projeto, para interagir com a equipe, para coletar materiais, para realizar pesquisas avançadas, para editar áudios e imagens ou mesmo para montar uma apresentação.
Como você sabe, nós vivemos em um mundo altamente tecnológico, e que terá poucas profissões no futuro nas quais a tecnologia não esteja inserida. Por isso, essa familiaridade com o meio digital que o aluno começa a desenvolver na escola é muito importante para o futuro dele. Inclusive, uma das competências da Base Nacional Comum Curricular é justamente a cultura digital.
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Preparo para o mercado de trabalho
Muitas situações que o aluno vivencia com a metodologia de Aprendizagem Baseada em Projetos são semelhantes às que ele experimentará no mercado de trabalho. Assim como empresas e governos desenvolvem projetos – e é necessário haver um estudo para isso, analisar o problema, levantar possíveis soluções, testar, analisar impactos, fazer reformulações, apresentar propostas, etc. – os estudantes também farão isso com seus projetos, mas em menor escala.
A própria habilidade de trabalhar em equipe e o domínio de recursos tecnológicos são capacidades requeridas no mercado de trabalho. Portanto, a Aprendizagem Baseada em Projetos prepara os estudantes para a vida profissional em diversos aspectos, aumentando as chances deles de empregabilidade em um mercado cada vez mais exigente e competitivo.
Como implementar a Aprendizagem Baseada em Projetos?
Você conseguiu perceber o quanto a metodologia de Aprendizagem Baseada em Projetos pode enriquecer o aprendizado? Então agora vamos falar sobre como colocá-la em prática, está bem? Veja o que é preciso:
Definição de objetivos de aprendizagem
Os projetos nos quais os estudantes irão trabalhar visam o desenvolvimento de habilidades específicas, a aquisição prática de determinados conhecimentos. Então, o primeiro passo antes de lançar um desafio a ser resolvido pelos seus alunos é elencar o que se espera que eles aprendam nesse processo.
Como os projetos, muitas vezes, são interdisciplinares, é preciso que os professores de todas as disciplinas envolvidas façam juntos essa definição. Só tendo em mente os objetivos de aprendizagem é que é possível pensar em um desafio que permita alcançá-los.
Levantamento de recursos
Uma outra questão que precisa ser pensada são os recursos que a escola disponibiliza aos estudantes para a execução de seus projetos. Muitos alunos, por exemplo, podem querer criar um produto multimídia. A instituição tem computadores com sistemas que eles possam usar para a edição de fotos, vídeos e áudios? Há algum profissional na escola que possa dar orientações aos alunos sobre técnicas básicas no uso desses softwares?
Caso a instituição não disponha de recursos que julgue que possam ser necessários na execução dos projetos, também é possível verificar quantos estudantes têm tais recursos em casa. Isso pode ser descoberto por meio de enquetes. Depois, é possível até usar essa informação para fazer a divisão dos grupos.
É interessante que a escola tenha ao menos um ambiente virtual de aprendizagem. Nele, os professores podem disponibilizar materiais como tutoriais técnicos, para que os alunos aprendam a operar determinados recursos. Por lá os grupos de alunos também podem interagir em fóruns e enviar arquivos pesados sem consumo de memória.
Elaboração do desafio
Depois de os objetivos de aprendizagem já terem sido definidos e de os professores já saberem os recursos que estão disponíveis para a execução dos projetos, é hora de pensar em um desafio. Para tanto, é preciso ter em mente que a execução do problema pelos alunos precisa ser capaz de proporcionar os aprendizados definidos, e que não pode exigir o uso de recursos que os estudantes não têm como obter.
Vale lembrar também que embora o desafio seja o mesmo para todos, os caminhos que os alunos irão percorrer e a solução que irão apresentar – ou seja, seus projetos – podem ser totalmente diferentes. Não existe apenas um jeito certo para se fazer as coisas, então, diferentes soluções podem ser capazes de resolver o mesmo problema.
Criação de um cronograma
Em geral, os projetos que são desenvolvidos na metodologia ABP são relativamente longos. Você como professor, certamente deve estar com um pouco de receio de a coisa ficar “muito solta”, não é? Errado você não está. É justamente por isso que é preciso desenvolver um cronograma de atividades, partindo um projeto grande em etapas menores. Veja como isso pode ser feito:
- Planejamento: os alunos fazem um brainstorm com seus grupos para decidir por quais caminhos irão seguir para se aprofundar no problema e procurar uma solução. Então dividem as tarefas e combinam os próximos passos.
- Coleta de dados: começa a etapa de pesquisa para entender melhor o problema. Ela pode ser feita por várias frentes, como entrevistas com a comunidade; pesquisas em sites confiáveis, acervos, livros e artigos; realização de experimentos; etc.
- Desenvolvimento da solução: os alunos reúnem os dados e começam a esboçar uma solução para o problema. Essa solução resultará em um produto a ser apresentado, e talvez até implementado na comunidade.
- Refinamento: nessa etapa os estudante começam a refinar as ideias, procurar “buracos” na solução que foi pensada, fazer testes, melhorar o projeto que está sendo desenvolvido.
- Finalização: é o momento de concluir o projeto e fazer os últimos ajustes necessários.
Você viu como as coisas ficam bem organizadas com um cronograma? É importante que você e os outros professores envolvidos acompanhem de perto todas essas etapas. As orientações são mais do que bem-vindas, só não vale tirar a autonomia dos alunos na criação dos projetos, combinado?
Apresentação do projeto
Depois que os seus alunos concluírem o projeto, é importante que ele seja apresentado para toda a turma. É claro que você sabe que nem todos os estudantes gostam dessa parte, mas isso é algo que precisa ser trabalhado. Afinal, no mercado de trabalho, é muito comum que os projetos precisem ser apresentados para o público. Melhor então ter o preparo para isso desde a escola, não é?
Na apresentação, os estudantes devem mostrar como eles encontraram uma solução para o problema proposto, e em qual produto isso resultou. Se o projeto for algo voltado à comunidade ou a alguma ONG, é possível até implementá-lo.
Avaliação
Após a apresentação, chega a parte de avaliação dos projetos. Isso pode ser feito só pelos professores, mas é possível abrir para que os colegas de quem está apresentando avaliem também. Nesse caso, é imprescindível que eles justifiquem suas avaliações, para garantir que elas sejam justas.
Como a ClipEscola pode ajudar
Agora que você já sabe como a Aprendizagem Baseada em Projetos funciona e o que precisa ser feito, só faltou eu te contar como a gente pode te ajudar com isso, não é? Bom, como talvez você já saiba, a nossa solução possui um robusto Ambiente Virtual de Aprendizagem. O recurso pode ajudar em quatro aspectos principais: envio e recebimento de materiais; tira-dúvidas com o professor; interação entre os grupos de alunos; e controle de entregas por etapas do cronograma.
Com relação ao envio e recebimento de materiais, a nossa plataforma conta com armazenamento em nuvem. Isso quer dizer que os professores podem enviar materiais bem pesados aos alunos e também receber deles arquivos em diversos formatos sem que nada ocupe espaço da memória do celular ou do computador de ninguém. Além disso, tudo o que os educadores disponibilizam aos alunos chega a eles de forma categorizada por disciplina, bem organizadinho.
A solução também permite que os grupos possam tirar dúvidas com o professor pela agenda de recados em horários predefinidos. Eles também conseguem interagir entre eles para a execução das atividades por fóruns ou grupos de mensagens monitorados.
O ambiente virtual de aprendizagem também permite que o professor acompanhe o status de entrega das atividades. Então, se em cada etapa do cronograma os professores quiserem que os estudantes já encaminhem o que está pronto, para que possam conferir e passar orientações, essas entregas parciais podem ser controladas pela plataforma.
Viu como tudo fica muito melhor estruturado assim? Para acompanhar projetos longos, é bom ter uma ferramenta que dê todo esse suporte, você não acha? Se você quiser mais informações, basta solicitá-las por aqui.
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