A comunicação com o outro é uma parte inerente às rotinas escolares. Colaboradores, gestores, pais e alunos estão sempre exercendo interações, e quando falamos de relações humanas, sabemos que nem sempre o exercício é fácil. Entretanto, está nas mãos da escola buscar formas de melhorar a cordialidade nessas interações, e aplicar a comunicação não-violenta na educação é uma prática muito recomendada.
O que é Comunicação Não-Violenta (CNV)?
Comunicação Não-Violenta (CNV) é um conceito desenvolvido pelo psicólogo Marshall Rosenberg nos anos 1960, e disseminado em 60 países. Ele propõe uma comunicação empática, que vise atender necessidades dos dois lados, deixando de fora julgamentos de certo e errado e verdades preconcebidas, que acabam desviando o foco das necessidades a serem supridas e criando uma atmosfera hostil e contraproducente.
Todo nós temos experiências de vida, crenças, valores e convicções que influenciam em nosso comportamento e julgamento. Temos a tendência a crer que a verdade em que acreditamos é a correta, e a recriminar o outro por sua forma de pensar, agir e ver o mundo ser tão distante da nossa. Por vezes, nos valemos de linguagens de dominação para tentar vencer uma discussão – e essa linguagem pode vir apoiada em documentos, crenças religiosas e intelectuais – e quando isso acontece, perdemos o foco da necessidade a ser atendida e empregamos energia para convencer o outro de que ele está errado.
A comunicação não-violenta busca o diálogo para além das concepções de certo e errado. Busca entender o outro com honestidade, percebendo que por trás das ações e comportamentos dele há uma necessidade latente. Rosenberg acreditava que se essa necessidade fosse percebida sem julgamentos, tudo poderia ser solucionado.
Nesta entrevista em vídeo, o psicólogo diz acreditar que o uso de formas de comunicação mais destrutivas teve início há cerca de oito mil anos, quando começaram a surgir estruturas de dominação em que poucas pessoas dominavam muitas. Antes disso, quando os homens eram caçadores-coletores da sociedade, ele acredita que não havia violência na proporção da encontrada nos dias de hoje. “A comunicação não-violenta tenta nos levar de volta para o que eu acho que é uma forma mais natural de comunicação”, afirma.
Quem deve usar a CNV na escola e em quais situações?
É importante que haja um esforço da escola para a construção de uma cultura de comunicação não-violenta na educação envolvendo todos os atores do processo: professores, gestores escolares, colaboradores de diversos setores da escola, pais, responsáveis e alunos. O ideal é que essa forma de comunicação seja utilizada em todas as situações, como reuniões, solicitações intersetoriais, conversas, etc.
É claro que mudar hábitos arraigados é um exercício de longo prazo. Não é do dia para a noite que todos os membros da escola irão assimilar o conceito e passar a se comunicar uns com os outros usando a CNV. Para a escola adotar essa forma de comunicação, é importante que faça um planejamento gradual, envolvendo palestras, treinamentos, recomendação de leituras e vídeos sobre o assunto, manual de boas práticas e diversas ações periódicas que visem que a comunicação não-violenta na educação se torne um hábito natural.
Quais os benefícios que a Comunicação Não-Violenta na educação traz?
Introduzir a Comunicação Não-Violenta na educação é algo extremamente benéfico. Confira algumas contribuições que a prática pode trazer às escolas :
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Redução do bullying
Se todos na escola adotassem a comunicação não-violenta, não haveria bullying. Quando alguém pratica CNV, busca se conectar com o outro de forma que contribua para o bem-estar dele. De maneira nenhuma tenta feri-lo com palavras, ironias, mensagens nas entrelinhas e nem julgá-lo pela forma como ele é ou pensa. Portanto, se a escola tentar ensinar aos alunos a comunicação não-violenta, estará contribuindo para o combate ao bullying.
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Melhora da atmosfera de trabalho
A escola é também um local de trabalho para todos os colaboradores que fazem parte dela. Em ambientes de trabalho, não é incomum que ocorram desentendimentos entre as equipes. A comunicação não-violenta pode ser usada para evitar conflitos e para resolvê-los, caso já tenham acontecido. Inclusive, foi usada por Marshall Rosenberg para resolução de conflitos de guerra entre duas tribos no norte da Nigéria. O segredo é buscar as necessidades que se esconde por trás dos conflitos. Palavras coléricas são falhas nesse objetivo, mas a CNV é muito eficiente.
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Melhora no relacionamento com os pais
O mesmo fator que contribui para a melhora nas interações entre os colaboradores da escola também coopera para a melhora no relacionamento da instituição com os pais dos alunos. Ao usar a comunicação não-violenta, o uso da empatia e da busca por entender a necessidade do outro permitirá que os dois lados compreendam o contexto da outra parte, e busquem juntos uma forma de suprir ambas as necessidades. Por isso, é importante que a escola também passe informações aos pais sobre a comunicação não-violenta, seja enviando vídeos e sugestões de leitura ou marcando reuniões com eles.
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