Você já percebeu que nem todos os seus alunos aprendem da mesma forma? Acredita-se que isso se deva ao fato de existirem estilos de aprendizagem diferentes entre as pessoas, e por isso, o que funciona muito bem para determinados estudantes não teria o mesmo efeito para outros. Essa percepção, que começou a surgir nos anos 70, gerou diversas tentativas de classificação de estilos de aprendizagem, e uma das mais conhecidas atualmente é a do Modelo VARK, que surgiu em 1992. É justamente essa perspectiva que abordaremos hoje!
O que são os estilos de aprendizagem, de acordo com o Modelo VARK?
O Modelo VARK categoriza os estilos de aprendizagem de quatro formas: visual; auditivo; leitor/escritor; e cinestésico. O próprio nome do modelo é um acrônimo desses estilos na língua inglesa: Visual, Auditory, Read/Write e Kinesthetic.
Um aluno pode ter características de mais de um estilo, mas costuma ter um como predominante. Há, porém, o caso de estudantes que mesclam ou se adaptam a todos os estilos, o que gera uma quinta categoria: multimodal.
Quais as características dos estilos de aprendizagem?
Está curioso para entender melhor cada um dos estilos de aprendizagem, para assim poder fornecer os estímulos necessários para que todos os seus alunos aprendam? Então é justamente o que você verá aqui! Vamos lá:
Visual
Estudantes com estilo de aprendizagem visual têm mais facilidade em aprender quando as informações são organizadas de forma gráfica. Alguns exemplos disso são: infográficos, mapas, gráficos, diagramas, tabelas, workflows, esquemas visuais de uma forma geral, ou qualquer outra maneira de destacar e transmitir a informação visualmente.
Até na hora de comunicar algo, os alunos com esse perfil tendem a fazer isso melhor graficamente, desenhando enquanto falam, por exemplo, criando apresentações ou estruturando esquemas visuais para demonstrar suas ideias.
Como trabalhar com esse estilo:
– Utilizar recursos visuais durante a parte expositiva da aula, demonstrando os assuntos abordados de forma que possam ser consumidos com os olhos
– Solicitar tarefas que possam ser entregues na forma de apresentações em ppt, infográficos, gráficos de excel, entre outras formas visuais de organizar a informação
Auditivo
Chegamos no estilo daqueles que gostam de falar e ouvir. Estudantes mais auditivos têm muita facilidade em reter o que escutam, especialmente se houver variações na tonalidade de voz dos interlocutores, sejam eles professores, colegas ou quem estiver falando em um vídeo ou podcast.
Esses alunos também aprendem ouvindo o som da própria voz, e costumam, muitas vezes, verbalizar o que estão pensando, o famoso “pensar alto”. Não se surpreenda também se eles fizerem perguntas muito óbvias sobre determinado assunto, pois isso serve para que ouçam o som da própria voz e arquivem a informação de forma auditiva.
Como aprendem com facilidade ouvindo e falando, debates funcionam muito bem para esse perfil, bem como a troca de ideias com os colegas (aprendizado colaborativo) e leituras em voz alta. Aliás, com relação à leitura, padrões rítmicos são muito bem-vindos, pois favorecem a assimilação das informações.
Como trabalhar com esse estilo:
– Buscar variar a tonalidade de voz durante a exposição de conteúdos
– Promover debates
– Realizar leituras com a turma em voz alta
– Na recomendação de leituras complementares, dar preferência para aquelas que têm também uma versão em áudio
– Passar tarefas que possam ser apresentadas pelos alunos na forma de paródias, declamação de poesias, podcasts, entre outros formatos auditivos
Leitor/Escritor
O estilo de aprendizagem leitor/escritor, como o próprio nome já diz, classifica os alunos que têm mais facilidade de aprender lendo e registrando/produzindo as informações de maneira escrita. Materiais como apostilas, livros, leituras complementares da internet, periódicos, dicionários, glossários e listas podem atuar como instrumentos facilitadores para eles.
Alunos com esse perfil também costumam anotar tudo o que o professor coloca no quadro e, muitas vezes, até o que é explicado de forma oral. Exercícios com respostas abertas favorecem o aprendizado deles, que precisam discorrer sobre o assunto escrevendo. Outras produções textuais, como artigos, poesias, resenhas e projetos de pesquisa, também são muito positivas para o processo de aprendizagem deles.
Como trabalhar com esse estilo:
– Use e abuse dos exercícios com respostas abertas
– Promova a produção textual em diversos formatos
– Disponibilize informações que possam ser anotadas durante a aula
– Ofereça materiais de apoio em formato textual
– Se a sua disciplina for a de Português, escolha um livro por mês para ser objeto de resenha
Cinestésico
Os alunos com o estilo de aprendizagem cinestésico são aqueles que têm mais facilidade de aprender com estímulos que os façam perceber seus movimentos musculares. Eles são práticos e gostam de aprender fazendo, movimentando o corpo, tocando as coisas e até sentindo o cheiro.
É comum que estudantes assim queiram começar a executar atividades antes mesmo de ter o domínio teórico sobre elas, pois eles aprendem ao mesmo tempo em que fazem, e também reforçam as memórias de curto e longo prazo dessa forma.
Atividades lúdicas – como gincanas de conhecimento, gamificações, encenações, jogos esportivos e outras atividades que envolvam movimento corporal – são ótimas para o aprendizado deles. Da mesma forma, trabalhos em laboratório, em espaços maker ou outros que incluam coisas que possam ser tocadas e cheiradas, contribuem muito para o entendimento dos conceitos também.
Como trabalhar com esse estilo:
– Promova atividades lúdicas
– Leve os alunos ao laboratório
– Verifique a possibilidade de criar um espaço maker
– Leve os estudantes para atividades externas
– Passe pelos alunos objetos físicos que estejam ligados ao conteúdo
– Se você for professor de educação física, ensine técnicas esportivas na prática
Multimodal
Você lembra que lá no começo deste artigo falamos que há alunos que aprendem mesclando estilos de forma simultânea? São os multimodais. Mesmo entre eles há duas formas de aprender, veja:
VARK Tipo 1 – esses são alunos bastante flexíveis e que têm a capacidade de adaptar o estilo de aprendizagem conforme o contexto em que estão. Eles podem, por exemplo, usar um estilo como predominante ou até os quatro simultaneamente, dependendo do cenário.
VARK Tipo 2 – os alunos com esse perfil muitas vezes são vistos como atrasados, pois o processo de aprendizagem deles é um pouco mais demorado. Eles sentem a necessidade de que a informação passe por todos os seus estilos de preferência, para que sintam segurança, e por isso, acabam se detendo mais em cada um deles. Isso, porém, resulta em um entendimento mais profundo do assunto.
Como descobrir os estilos de aprendizagem dos meus alunos?
Agora que você já conhece os estilos de aprendizagem, deve estar curioso para saber qual estilo tem cada um dos seus alunos, e qual é o predominante em cada turma que leciona, não é mesmo? Há como descobrir!
Existe um questionário online chamado Questionário VARK, e você pode aplicá-lo com seus alunos! Ele está disponível neste link. São 16 perguntas com quatro opções de resposta cada. O estudante pode selecionar uma, duas, três ou quatro respostas, ou mesmo nenhuma, caso nenhuma alternativa faça sentido para ele.
Você pode usar a Agenda Digital Escolar para enviar o link desse questionário aos alunos e pedir que eles te enviem ao final um print de tela com o resultado, que aparece em forma de tabela. Na tabela há as letras V (visual), A (auditivo) R (leitor/escritor) e K (cinestésico). Ao lado de cada letra aparecerá um número, que indica o quanto o aluno tem de cada estilo. O numeral maior é o estilo predominante. Se todas as letras tiverem pontuação igual, isso indica um perfil multimodal.
É interessante que você registre essas informações, pois sabendo o estilo de aprendizagem de cada aluno, a quantidade de estilos que há na turma e qual é o estilo predominante da turma de uma maneira geral, você poderá levar esses dados em conta na hora do preparo das suas aulas. Então, fica a dica!
Como trabalhar com uma turma com diversos estilos de aprendizagem?
Talvez neste ponto você já esteja arrancando os cabelos e se perguntando como vai conseguir dar aulas que sejam boas para todos os estilos de aprendizagem. Afinal, em uma turma de 35 alunos, por exemplo, certamente há diversos estilos, e não dá para focar a aula inteira em um só. O que fazer então?
Há algumas possibilidades. Há modelos de aprendizagem, por exemplo, que podem te ajudar com isso. Um deles é o Rotação por Estações, em que a sala de aula é dividida em estações, e grupos de alunos se revezam entre elas. Cada estação aborda o tema central da aula de uma forma diferente. Ao longo delas, o estudante terá contato com o assunto de várias formas, então, em algum momento, o seu estilo de aprendizagem predominante será atingido.
Outro modelo é o Rotação Individual. Tudo nele é igual ao modelo anterior, exceto por um detalhe: um software que usa inteligência artificial para traçar um cronograma personalizado de aula para cada estudante. Com base no perfil e desempenho do aluno, o sistema definirá se ele deve passar por todas as estações ou não, e o que fará no dia seguinte.
Mesmo que você não use nenhum desses modelos, se o seu objetivo é atingir a todos os estilos de aprendizagem, o ideal é que você trabalhe com os conteúdos didáticos das formas mais variadas possíveis. Além disso, fornecer materiais de apoio em diversos formatos também faz toda a diferença, pois nem sempre será possível abordar cada assunto de maneira a atingir todos os estilos, mas os materiais podem preencher a lacuna que a aula não conseguiu.
Se a escola puder contar com um Ambiente Virtual de Aprendizagem bem organizado e compartimentado, por exemplo, fica mais fácil organizar e disponibilizar isso aos alunos. Cada disciplina pode, por exemplo, ter um diretório com arquivos em formatos diversos abordando cada um dos conteúdos programáticos. O ideal é que os estudantes de todos os estilos de aprendizagem possam encontrar ali um formato que esteja alinhado com o perfil deles. Assim, os conteúdos poderão, de fato, ser compreendidos por todos.
Como a ClipEscola pode te ajudar nesse desafio
Como você viu, o desafio não é pequeno, não é mesmo? Nem sempre dentro do tempo de uma aula será possível abordar o mesmo assunto de várias formas. Os materiais de apoio, portanto, têm um peso importante na missão de levar o aprendizado a todos, e é nisso que conseguimos te ajudar.
A ClipEscola desenvolve a Plataforma de Transformação Digital M3I, que contém um Ambiente Virtual de Aprendizagem bem completo. Nele, os professores conseguem disponibilizar materiais aos alunos de forma categorizada por disciplina e de acordo com a grade de aula da turma deles. Além disso, a nossa solução possui a tecnologia de armazenamento em nuvem, então materiais pesados não serão um problema, pois nada consome memória.
Os alunos também conseguem enviar as tarefas de casa ao professor pela plataforma, e o educador pode, inclusive, acompanhar o status de entrega e a relação dos “atrasadinhos”. Há até um espaço no qual o estudante pode tirar dúvidas diretamente com o professor, e a escola pode configurar um horário específico para o recebimento dessas dúvidas.
Ficou curioso? Confira todas as possibilidades do nosso Ambiente Virtual de Aprendizagem por aqui.
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