Não é devido à necessidade de trabalhar que os alunos abandonam a escola. Ao menos, não a maioria. A falta de interesse é a principal causa da evasão escolar no Brasil. Ela é responsável por mais de 40% dos evadidos, enquanto que o motivo de renda/trabalho fica bem atrás, com 27%. Os dados fazem parte de uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, e revelam um fato preocupante: os alunos estão perdendo a vontade de ir para a escola.
O efeito é um resultado que se observa na ponta do processo, mas para tratar a causa, é necessário olhar para a base. A falta de interesse não “surge” no aluno. Ela é uma semente plantada, regada e adubada ao longo da vida escolar dele. Para combatê-la, portanto, não basta que as oportunidades de melhoria sejam observadas apenas no ensino médio. É importante que isso se aplique à educação como um todo. A participação dos pais nesse processo é um ingrediente indispensável da receita.
Acompanhamento dos pais
Crianças têm necessidade de atenção. Um exemplo disso é o fato de elas sempre tentarem mostrar os machucados para todos que encontram, como quem diz: “por favor, se importe comigo!”. Na escola não é diferente. Os pequenos precisam que os pais, que são as figuras mais importantes no pequeno universo que têm, vibrem com eles a cada conquista, façam uma festa a cada pequena vitória, ou simplesmente estejam presentes.
A busca pela “recompensa” é um forte motivador de bom desempenho das crianças. Por isso, elogios, abraços e demonstrações de orgulho pelo bom comportamento, boas notas e aplicação nos estudos, são armas poderosas. Da mesma forma, uma repreensão nos momentos em que o aluno não apresentar um bom comportamento também é importante. Caso contrário, isso poderá se tornar um padrão.
Evasão escolar
Ao longo da vida escolar, o interesse dos pais pela rotina do aluno o motivará a seguir adiante, a persistir perante os desafios da jornada. Já a negligência e o desinteresse dos pais são fatores que contribuem significativamente para a evasão escolar. O motivo é simples: não há a sensação de recompensa para o bom desempenho apresentado. Aos poucos, ele tende a decair, até chegar a um ponto crítico.
Esse comportamento não é incomum. O ser humano, em geral, busca incentivos externos para apresentar bons resultados. No mercado de trabalho, esses incentivos geralmente aparecem na forma de salários, benefícios e reconhecimento. São raras as pessoas que têm a capacidade de automotivação. Essa habilidade consiste em encontrar motivos dentro de si mesmo para gerar grandes resultados, mesmo em um meio em que a recompensa por isso não seja aguardada.
Não se pode esperar que todas as crianças tenham essa capacidade. Elas, em geral, também buscam incentivos externos, como a maioria das pessoas. Ele é encontrado na atenção dos pais e no reconhecimento pelo bom desempenho delas na escola. A falta disso favorece o início de um círculo vicioso, que vai evoluindo ano a ano: mau comportamento, notas ruins, faltas, repetições de ano, desmotivação e, por fim, a evasão escolar.
O papel da tecnologia
Com a correria frenética do dia a dia, a falta de tempo se tornou um argumento constante para justificar a falta de envolvimento na vida escolar do filho. O período da noite é normalmente quando toda a família consegue estar junta, após um dia cansativo. É um momento em que, muitas vezes, não há disposição emocional para dedicar atenção à vida escolar do filho e ainda conciliar isso com outras tarefas, como preparar uma refeição, realizar tarefas domésticas, entre outras.
Além de a disposição normalmente estar mais baixa após um longo dia de trabalho, o tempo também acaba não rendendo. As questões relativas ao filho envolvem conferir recados na agenda, ajudar com os deveres, verificar se há necessidade de autorizações, se há eventos programados, se as notas escolares estão boas, etc. A tecnologia, nesse contexto, desempenha o importante papel de encurtar distâncias e facilitar a comunicação entre os pais e a escola, permitindo que as informações sejam trocadas de maneira mais ágil e que o resultado seja mais efetivo.
Algumas tarefas que a tecnologia pode facilitar, permitindo mais envolvimento e agilidade, são:
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Rotina do aluno
Foi-se o tempo em que os pais precisavam se deparar com uma reclamação na agenda ou ouvir do professor, durante as reuniões de pais e mestres, informações sobre o comportamento do filho. A tecnologia permite que o acompanhamento da rotina do aluno seja constante. O professor pode, por exemplo, com um simples aplicativo de celular, enviar um parecer diário aos pais ou responsáveis, informando-os sobre o humor do aluno durante o dia, se ele tomou remédio (caso estivesse doente), se se alimentou direito e até o que comeu.
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Comunicações diretas com o professor
Uma outra facilidade da tecnologia é o contato direto com o professor. Não é mais necessário que o educador confira a resposta a um recado na agenda somente no outro dia. Os pais e professores conseguem encurtar esse caminho, trocando mensagens pelo celular.
Para que os pais não precisem ficar se preocupando se estão ou não atrapalhando o educador em determinado horário ou se estão sendo invasivos, existem formas de fazer isso somente com a finalidade profissional. A mensagem é entregue ao professor em horários preestabelecidos, que são determinados de acordo com as aulas dele. Caso a mensagem seja enviada em um horário fora do programado, o responsável pelo aluno recebe uma notificação informando-o.
Essa é uma maneira de haver um contato mais ágil e direto, mas que ao mesmo tempo ocorra em um local exclusivo para esse fim, e que não atrapalhe os horários de nenhuma das partes. O benefício acaba sendo mútuo.
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Comunicações diretas com outros pais
Muitas vezes é importante também que os pais de um aluno conversem com os do outro. Essa necessidade pode surgir por vários motivos, que vão desde a troca de informações até a resolução de situações mais críticas, como bullying, por exemplo.
Esse último ponto a que me referi – o bullying – é uma prática que ocorre muito nas escolas e que fere a autoestima do aluno que é vítima dele. Trata-se de uma situação grave e que já levou estudantes a extremos, como o suicídio ou o próprio abandono da escola. Como as crianças que o praticam, muitas vezes, não fazem ideia da gravidade do ato, uma conversa entre adultos, pais dos envolvidos, pode resolver uma situação que, de outra forma, se arrastaria até um estágio mais crítico.
A tecnologia também facilita esse contato. E para que as conversações, especialmente as mais delicadas, ocorram de maneira respeitosa, é importante que sejam feitas dentro de um ambiente desenvolvido para isso, com a possibilidade de moderação por parte dos gestores da escola.
Há formas de fazer isso. Aqui na ClipEscola, por exemplo, o app que desenvolvemos possibilita que os pais consigam conversar um com o outro sem que seja preciso adicionar o contato, pois já estão todos cadastrados. Isso torna mais fácil que um encontre o outro, pois não há a necessidade de pedir para a escola essa informação. Os números também ficam ocultos, para preservar a privacidade dos pais. Se há alguma mensagem imprópria enviada por um deles, a escola consegue apagar.
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Eventos escolares
A participação dos pais e responsáveis nos eventos da escola é bastante significativa para o estudante, que nota o quanto eles são participativos na vida dele. No entanto, muitas vezes os pais acabam se esquecendo de determinado evento, e só lembram dele depois que a ocasião já passou ou depois que outros compromissos já foram agendados para a mesma data.
Um dos motivos que favorecem isso é a ineficácia de comunicados de papel, que se perdem ou ficam esquecidos em algum lugar. Mais uma vez, a tecnologia atua como uma solução para esses esquecimentos, pois há a possibilidade de sincronizar a agenda dos pais ou responsáveis com o evento escolar, notificando-os da proximidade da ocasião.
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Autorizações
Outro esquecimento comum dos pais e responsáveis é quanto à assinatura na autorização de passeios escolares. A solução para isso passa pelo mesmo caminho do que as demais: um app de comunicação. A solicitação pode ser enviada ao celular do responsável por meio do aplicativo. A ferramenta permite que os gestores da escola vejam quem visualizou o documento e recebam a autorização em tempo real. Assim, o aluno não corre o risco de perder o passeio.
Finalizando
O acompanhamento dos pais na educação do aluno é uma arma imprescindível para o combate à evasão escolar. Com as possibilidades tecnológicas que temos hoje, a falta de tempo não é mais um obstáculo intransponível. Cabe então à escola e aos pais e responsáveis o engajamento nessa causa, fornecendo ao aluno as condições de que ele necessita para se sentir motivado a permanecer na instituição de ensino até o final.
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