O aluno é o perfil educacional no qual identificamos as transformações com mais facilidade. No caso dos pequenos, as mudanças são visíveis já no plano físico, mas é no aspecto mental que o grande crescimento ocorre e isso em qualquer idade. Em nossa era digital, se fala muito em como a tecnologia pode afetar o aprendizado e a resposta é que isso acontece de maneira diferente de pessoa para pessoa e de geração para geração.
Esta é a última parte da nossa série Gerações sem conflitos. Começamos pelos professores, depois falamos dos pais, tratamos também dos gestores e agora finalizamos com os alunos, objeto da ação de todos os outros e também protagonistas de suas próprias histórias. Vejamos as diferentes facetas que esses perfis assumiram com o decorrer dos anos:
Geração X: Andragogia importa
A geração X tem mais de 35 anos, então será que eles também são alunos? Claro que são! Desde a Constituição de 1988, o Estado é obrigado a oferecer o ensino gratuito a todos, inclusive aos que não tiveram acesso a ele na idade própria. Mas o desejo de aprender em qualquer época não é exclusivo das pessoas mais carentes, refletindo-se também na busca por formações diferenciadas por parte de profissionais consolidados. Muitos acabam fazendo o primeiro curso superior nessa época ou decidem cursar uma segunda graduação.
Para conseguir administrar as diversas obrigações da vida adulta, é comum eles optarem pela educação à distância, não só para graduações, mas também para cursos de atualização, idiomas, domínio de softwares, entre muitos outros. Essa modalidade de ensino também pode ser uma porta de entrada para a familiarização com tecnologias, o que faz com que eles fiquem desenvoltos para adotar novas soluções e até exijam a disponibilização de recursos online e via smartphone.
Caso você ainda não tenha se deparado com o termo andragogia, a ideia é justamente “adaptar” a pedagogia para a realidade da pessoa madura. Por conta disso, os seus pressupostos são a autonomia no gerenciamento dos estudos, a aplicabilidade do conhecimento adquirido e a valorização das experiências prévias.
Geração Y: Como fazer a transição
A geração Y também tem sido chamada por alguns sociólogos de geração Peter Pan – uma referência a gostos associados ao universo infantil, como os video-games e super-heróis – e por outros de geração canguru – um reflexo do fato de o número de jovens que decidem não sair da casa dos pais ter aumentado 24% nos últimos dez anos.
Apesar desse quadro representar uma série de desafios, ele também fornece ferramentas quase prontas para as atividades em sala de aula. Não é por acaso que a gamificação é uma tendência que está despontando nos mais diversos setores, da motivação organizacional ao jornalismo. É uma questão de “novas roupagens” para conteúdos que tem sua importância ofuscada pela aridez dos textos.
De cada quatro jovens no mercado de trabalho hoje, três estudaram mais do que seus pais. Esse aumento da escolaridade traz uma série de benefícios para a sociedade e para os indivíduos, que podem ser ampliadas com a oferta de cursos ainda mais focados e especializados, flexíveis e que façam bom uso das tecnologias disponíveis. Será que não existe algo que sua escola pode oferecer para trazer de volta o aluno formado?
Geração Z: Atualização constante
A geração Z confirma quase todas as tendências iniciadas pela Y: mais diversidade, mais conectividade, mais tarefas ao mesmo tempo, respostas mais imediatas, menos paciência. Mas espera, quer dizer que nem terminamos de nos adaptar a uma geração e já tem outra exigindo novas transformações na sala de aula? Exatamente…
A principal diferença da geração Z para a Y em relação à tecnologia é que eles nasceram imersos nela ao invés de crescerem em meio aos grandes marcos. Isso quer dizer que eles não consideram a utilização de ferramentas um diferencial e sim um pressuposto. Eles não vão ter aulas de Word ou Excel no contraturno: é mais provável que ensinem aos professores modelos e fórmulas avançadas.
Com a oferta infinita de informações e recursos que é o padrão para essa geração, se os fluxos de comunicação não forem intermediados pela escola, acontecerão independentemente dela. Eles já estão no WhatsApp, Facebook e Instagram desde muito cedo, por vezes se expondo a riscos por falta de orientação. Cabe à instituição de ensino promover um ambiente virtual que reflita os compromissos educacionais e afirme o compromisso em falar a mesma língua dos jovens.
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