Quando pensamos em tecnologia, é comum imaginarmos cenários futurísticos. Mas e se o futuro já estiver aqui? E se o que parecia uma inovação para além do horizonte já for algo do dia a dia?
Nós aqui na ClipEscola nos sentimos um pouco assim ao vermos a quantidade de mensagens, controles de entrada, conteúdos multimídia e outras informações compartilhadas diariamente por meio do nosso app, com simples toques na tela do celular.
Se nós, que escolhemos a tecnologia como nossa área de atuação já nos surpreendemos com a velocidade das transformações, qual será a sensação para os profissionais da educação? A pedagogia é uma disciplina com uma história que se estende até a Grécia antiga, ganhando novos aspectos a cada grande disrupção social. E estamos vivendo mais um desses momentos.
Por isso, estamos iniciando a série “Gerações sem conflitos”, para falarmos um pouco sobre como as evoluções tecnológicas afetam os perfis profissionais e pessoais de diferentes gerações e como as experiências acumuladas podem contribuir para melhores decisões no presente. Já pincelamos levemente esse tema em nosso post sobre a escola do futuro, mas agora teremos um espaço dedicado especialmente a cada ator do processo educacional.
Achamos mais do que justo iniciar pelo professor, esse herói que escolhe por vontade própria enfrentar o maior desafio macroeconômico do Brasil: a educação. Ainda que um pouquinho atrasados, aproveitamos para comemorar o dia do professor, já que para esse profissional o comprometimento não tem data.
Acreditamos que a maior semelhança entre a tecnologia e a educação está na determinação a construir o futuro. Mas nossas expectativas de futuro podem ser transformadas pela realidade material, o que gera as diferenças de percepções entre as gerações, já que as experiências vividas são diferentes. Entenda os reflexos desses contextos nas mentalidades que hoje convivem no espaço escolar:
Professor X
Assim como o Professor X dos X-Men, os mestres dessa geração nasceram nas décadas de 1960 e 1970. Como a maioria dos estudos sobre as gerações são realizados nos Estados Unidos, costumamos associar os anos formativos dessas pessoas à luta pelos direitos civis e ao movimento hippie.
No Brasil, esses indivíduos cresceram durante a ditadura, tendo OSPB na escola e em meio à grande efervescência cultural. Mas era uma cultura baseada no querido vinil, colecionado e guardado com carinho, anterior à disseminação e reprodução sem limites impulsionada pelo Napster.
Então, é natural que eles estranhem um pouco o jeito como os artigos dos mais jovens são descartáveis. E isso não se aplica apenas a produtos como fraldas ou garrafas, mas também a aparências, conteúdos e até mesmo opiniões.
Por isso, parte do grande valor que eles trazem para a sala de aula está no cuidado ao realizar distinções morais criteriosas, separando o joio do trigo e prevenindo investimentos fúteis. Ouvi-los com atenção fornece a estrutura que dá sustentação e segurança às inovações das gerações posteriores.
Professor Y
Ser multitarefa é uma necessidade comum aos professores de qualquer geração, mas uma característica básica para os que pertencem à Y, nascidos entre a década de 80 e meados dos anos 90. Eles querem autonomia para implementar suas inovações – várias ao mesmo tempo – e têm dificuldades com hierarquias, tendendo a horizontalizar as relações.
Muitos conseguem engajar os alunos ao compartilhar de seus interesses, já que não faz tanto tempo assim que estavam no papel deles, mas outros podem acabar enfrentando desafios para se impor e manter a disciplina.
Em média, eles possuem uma formação mais extensa do que a geração anterior, já que os magistérios têm dado lugar às licenciaturas plenas, vivendo no limiar entre a especialização e a interdisciplinaridade.
Apesar de familiarizados com a tecnologia, eles ainda perdem em adaptação para o pessoal mais jovem quando o assunto é mobile, mas estão correndo atrás e a curiosidade os torna aficionados em pouco tempo.
Como será o professor Z?
Com o adiamento da entrada no mercado de trabalho comum a economias mais sólidas, ainda não temos muitos professores nascidos após 1995. Os jovens com essa orientação profissional ainda são encontrados fazendo os primeiros estágios-docentes e tutorias. Ao arriscarmos previsões sobre a atuação deles no espaço escolar, é inevitável pensar que a conectividade será protagonista dessa relação, como acontece em todas as interações das quais eles fazem parte agora.
Para eles, o espaço virtual é tão real quanto o físico e a necessidade de atualização constante é trazida do universo online para as expectativas do dia a dia. Eles já não têm paciência para escrever e ler longos e-mails e querem tratar de todos os assuntos por mensagens instantâneas, tendo no celular sua principal ferramenta.
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