Sabe quando o pai fala para o filho “eu já tive a sua idade”? Ele está falando a verdade, mas o mundo no qual ele cresceu não é o mesmo de agora. Por conta disso, as opiniões, os valores, as preferências e até as rotinas que são tão naturais para os jovens podem parecer estranhas, de difícil compreensão, para quem carrega uma bagagem de décadas anteriores.
O artigo de hoje consiste na segunda parte de nossa série chamada “Gerações sem conflitos”, que começou falando dos professores das diferentes gerações. Agora é hora de falar dos pais e responsáveis, outros dos atores fundamentais do processo de ensino-aprendizagem. Enquanto o professor precisa tomar suas decisões levando em consideração o aspecto profissional, para os pais os desafios envolvem uma imensa carga emocional, própria do ambiente familiar.
Entenda como as transformações na sociedade influenciam a maneira com que os pais se relacionam com a escola a cada geração:
O x da questão é disciplina
Uma das características fundamentais da Geração X é a preocupação com a criação cuidadosa e quase “científica” dos filhos. Testemunhas oculares da explosão de informações trazida pela tecnologia, eles foram os primeiros a se preparar para serem pais antes mesmo da gravidez, inicialmente com revistas impressas como Pais & Filhos e Crescer, e depois com pesquisas no Google e fazendo perguntas em fóruns e redes sociais.
Essa geração também é a responsável pela popularização do termo “feedback”, ou seja, ela está preocupada em avaliar, acompanhar e prevenir problemas e acredita na comunicação como meio de atingir esses objetivos. Por conta da “overdose” de dados, esse grupo pode às vezes ser um pouco reticente ao descobrir que há mais uma ferramenta a ser utilizada, mas ao superar a barreira do estranhamento inicial, tornam-se usuários empolgados e fiéis.
Mais “pães”, mais multitarefas
Nas últimas décadas, a média de filhos por família diminuiu e a quantidade de lares liderados por mulheres aumentou. Isso indica que o modelo tradicional de criação dos filhos já não é a regra absoluta e pais com filhos únicos, que preferem tratá-los como amigos do que como dependentes, são cada vez mais comuns. Então não estranhe se for impossível distinguir um bilhete da mãe de algo que foi escrito pela filha: elas falam a mesma língua.
Para esses pais, trocar mensagens instantâneas com os filhos é bem mais natural do que um telefonema e eles sempre usam o GPS para encontrar o caminho com menos trânsito até a saída de escola. Para eles, o grau de inovação, conexão e modernização da escola é um prerrequisito na hora da escolha, após muitas pesquisas online sobre a reputação da instituição, claro.
Caso você não tenha visto o neologismo antes, o “pãe” do título dessa seção é uma aglutinação das palavras “pai” e “mãe”, para se referir a quem desempenha ambas as funções, independentemente de gênero. Conhece alguém assim?
Para que a pressa?
Com o aumento da escolaridade, as mulheres estão esperando cada vez até mais tarde para ter o primeiro filho. Por conta disso, está havendo um “pulo” de gerações, com as primeiras crianças alfa sendo descendentes da geração Y e não da Z, sua sucessora direta. Então, assim como no caso dos professores, ainda não temos dados consolidados sobre o desempenho dessa geração no papel de pais, mas o que sabemos é que eles estão nas universidades, nas empresas e – principalmente – na internet refletindo sobre essas questões e trazendo novos pontos de vista, mais embasados.
Com a diminuição na quantidade média de filhos, cada criança receberá mais atenção e mais investimento no seu desenvolvimento, o que pode vir a significar salas de aula menos cheias e programas mais personalizados, que focam em aptidões individuais ao invés de padrões gerais. Sua instituição está pronta para essa mudança de cenário?
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