A educação mudou, as instituições de ensino mudaram, e com isso, o perfil dos novos profissionais da escola mudará também. Os ventos das transformações soprarão sobre todos os colaboradores, mas as alterações mais profundas serão sentidas pelo corpo docente, que está na linha de frente do ensino.
Há duas situações distintas nesse cenário: os colaboradores atuais e os novos profissionais da escola. Para quem já faz parte da instituição, as exigências serão no sentido de atualização. Os colaboradores que estavam acostumados a processos internos manuais, com muito uso de papéis, agendas físicas, planilhas, etc., terão que continuar a adaptação à tecnologia que já iniciaram no período de isolamento social, pois retroceder será uma opção que poucas escolas irão escolher, concorda?
Aos professores, é claro, a adaptação será maior, pois além das mudanças nos processos internos, muitas transformações ocorreram na educação. Em geral, educadores de todo o Brasil estão buscando formações continuadas para aprender a ensinar com tecnologia, inteligência emocional e aderência aos novos tempos. Quem já é da escola, portanto, será estimulado a buscar mais, ou até ganhará treinamentos da própria instituição, mas para quem ainda não entrou, a régua já começará bem mais alta.
Mudanças nas contratações de novos profissionais da escola
Sabemos que a educação foi bastante impactada pela pandemia. Muitas escolas chegaram a fechar, principalmente no ensino infantil. Com isso, o mercado de ensino ganhou uma grande injeção de profissionais advindos dessas instituições, aumentando a procura por vagas abertas nas escolas e a concorrência por elas.
Com uma grande quantidade de profissionais buscando oportunidades, é claro que o filtro do RH das escolas se torna mais rigoroso, e os profissionais mais bem-preparados para as necessidades atuais se destacam. Veja alguns critérios que pesam na seleção de novos profissionais da escola:
Preparo tecnológico
Saber usar tecnologia para dar aulas é um critério básico para ser contratado como professor em uma escola nos dias de hoje. Estamos ainda vivenciando uma realidade de EaD e de ensino híbrido, e mesmo quando a pandemia acabar, a educação sairá dela completamente transformada. A tecnologia é uma realidade sem retorno na educação, e as novas contratações espelharão isso.
Essa questão é bastante frisada pelo consultor educacional Ricardo Althoff, da Prospecta Educação, durante sua participação no webinar da ClipEscola “RH nas Escolas – Como Executar uma Gestão Baseada na Tecnologia”. No evento online ele explica que o professor não terá que ser nenhum YouTuber, mas no mínimo terá que saber dar aulas online e de ensino híbrido. “Isso vai ser de extrema importância para uma contratação de professor a partir de agora”, declara.
Os planos da diretora pedagógica Milene Kobayashi, do colégio EBE Objetivo de Guarulhos, que também participou do webinar, são uma amostra do quanto essas novas habilidades serão necessárias daqui para a frente. “Nós estamos aí com o novo ensino médio. Meu novo ensino médio agora para 2021 já tem seis aulas em EaD. Já está previsto isso. Então em 2019, quando isso foi apresentado para mim, eu falei ‘Meu Deus, imagina, o aluno não vai conseguir fazer em EaD’. Hoje me pergunta: vai conseguir? Lógico, tira de letra!”.
Visão moderna do ensino
O típico “professor quadro e giz”, que gosta muito de dar aulas expositivas para uma turma silenciosa e de aplicar provas de múltipla escolha, certamente encontrará mais dificuldades em futuras contratações se não se reformular. A visão sobre os papéis de professores e alunos, e da forma de se fazer educação no século XXI, já vinha mudando não é de hoje. Com a pandemia, esse progresso atingiu o ponto de ebulição. O reflexo disso será sentido no recrutamento de novos profissionais da escola.
Professores com uma visão mais moderna se destacarão. Essa visão inclui o entendimento de que não cabe mais ao educador ser simplesmente uma “audiobiblioteca”. Os estudantes hoje têm acesso a uma infinidade de fontes de informação a um clique de distância. Eles não chegam mais crus em sala de aula. Por isso, o profissional com uma visão mais aderente aos tempos atuais está assumindo o papel de mediador e deixando ao aluno o papel de protagonista.
Esse novo professor também gosta de trabalhar com metodologias ativas, de dar autonomia aos alunos, de fazer atividades lúdicas, de promover debates e de buscar boas formas para avaliar o desempenho dos estudantes. Se você é esse profissional, parabéns, você se destacará nas seleções das escolas. Se não é, sempre há tempo para mudar e fazer melhor!
Habilidades emocionais
Habilidades emocionais também são requisitos esperados dos novos profissionais da escola, sobretudo na volta às aulas presenciais. Os estudantes estarão retornando de um longo período de isolamento social, e alguns inclusive podem ter perdido parentes próximos para a pandemia. É fundamental que possam contar com professores capazes de passar a sensação de acolhimento.
Mesmo após os primeiros tempos, as habilidades emocionais continuarão a ser relevantes. A escola é um local que nem sempre é fácil para todos os alunos no aspecto emocional. Sabemos que o bullying é um problema frequente e que adolescentes têm muitos conflitos emocionais. Por isso, é fundamental que as instituições de ensino possam contar com profissionais que tenham inteligência emocional e saibam criar ambientes de confiança para os estudantes. Esse aspecto com certeza também terá um peso nas novas contratações.
Formação continuada
Ter no currículo cursos que vão ao encontro das necessidades pedagógicas identificadas na pandemia é algo de grande valor. A formação acadêmica que a maior parte dos docentes tinha não os preparou para o que estava por vir: ensino remoto e híbrido. Isso porque EaD nunca foi uma realidade para a educação básica, então a faculdade de pedagogia e as licenciaturas não tinham esse foco.
As formações continuadas preenchem essa lacuna, e tê-las pode representar um peso considerável na hora da contratação. Além do conhecimento em si adquirido nos cursos, o fato de tê-los no currículo também mostra que o professor teve iniciativa de ir atrás, que ele saiu de sua zona de conforto para buscar evolução. Isso também tem mérito!
Importância de ser assertivo nas contratações de novos profissionais da escola
Agora o papo é só com você, gestor educacional ou profissional de RH de uma instituição de ensino. Como você sabe, a contratação de novos profissionais da escola precisa levar em consideração as recentes necessidades do ensino e do segmento educacional de uma forma geral. E você tem ideia do quanto é importante ser assertivo nessas contratações?
O consultor educacional Ricardo Althoff, em sua participação no webinar sobre RH promovido pela ClipEscola, foi bastante enfático nesse sentido: “A gestão de RH é uma das seis maiores dores do gestor escolar. Por quê? Porque uma contratação mal feita infelizmente vai prejudicar e muito o fluxo de caixa de uma instituição de ensino, e com isso, vai levar ela para o buraco”, garante.
Ao fazer as contratações, lembre-se que os profissionais são a cara da escola, e que a atuação deles tem impacto na retenção do público e no sucesso da instituição de ensino de uma forma geral. Nos momentos críticos, são eles que fazem a diferença, e a pandemia mostrou isso para muitas escolas. Então, leve o tempo que for necessário, seja criterioso e faça boas escolhas!
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